Substantivo

Há vários aspectos que podem ser apresentados sobre o substantivo. Vou, no entanto, reunir os principais pontos que podem ajudar o redator.

Primeiramente, substantivo é, em regra, núcleo de termo. Isso significa que, ao redor dele, há termos que estão a ele subordinados: artigo, adjetivo (e locução adjetiva), pronome adjetivo e numeral adjetivo. Esses termos exercem função sintática de adjunto adnominal, já que têm a função de especificar ou delimitar o substantivo. Por isso, jamais pode ocorrer nenhum sinal de pontuação entre eles e o substantivo.

O substantivo pode ser classificado em concreto (próprio ou comum), abstrato e coletivo.

1)         Concreto – indica algo de existência independente: caderno, caneta, lápis, computador. O substantivo concreto pode ser dividido ainda em:

a)         próprio – trata-se de designação específica, indica indivíduo ou coisa de determinada espécie: João, Açores, Brasília; e

b)         comum – aplica-se a todos os seres de uma espécie: homem, cidade, estado, papa, sexta-feira.

2)         Abstrato – indica algo de existência dependente: prazer, beijo, trabalho, cansaço. Isso significa que, para ele ocorrer, é preciso que algo ou alguém o execute. Por exemplo, dor é substantivo abstrato, já que depende de alguém que a sinta.

Dois aspectos são importantes dessas definições: a) o substantivo comum, quando especificado, principalmente no contexto jurídico, é utilizado com inicial maiúscula: Ministro João Pedro; Lei n. 8.112/1990; b) a conceituação de substantivo abstrato é importante para aqueles que desejam saber a diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal.

3)         Coletivo – é um substantivo comum que, no singular, designa conjunto de seres ou coisas da mesma espécie: alcateia, elenco, constelação, legião, turma, quadrilha.

Um ponto importante em relação ao substantivo coletivo é que, em regra, para evitar o pleonasmo, dispensa-se a enunciação da pessoa ou da coisa a que o substantivo se refere. Diz-se a multidão caminhava perto do papa, e não a multidão de pessoas caminhava perto do papa. Quando, no entanto, o significado do coletivo não for específico, deve-se nomear o ser a que se refere, por exemplo, um bando de alunos elogiou o professor.

É também relevante a flexão do verbo ao usar o substantivo coletivo: O povo exigiu mudanças no Parlamento. Mesmo o substantivo indicando ideia plural, o verbo fica no singular.

Por fim, é preciso atenção quanto à flexão de substantivo composto, que pode ser ligado sem ou com hífen. No primeiro caso, para efeito de plural, basta considerar como se fosse um substantivo simples: aguardente(s), planalto(s), malmequer(es), pontapé(s). Por sua vez, o plural dos substantivos compostos ligados por hífen obedece à lógica de classes de palavras variáveis e invariáveis.

Resumidamente, o plural dos substantivos compostos se dá da seguinte forma:

  • apenas o segundo elemento vai para o plural quando somente ele for variável;
  • as duas palavras vão para o plural se ambas forem variáveis; e
  • nenhum dos elementos vai para o plural quando nenhum for variável.

As regras que fundamentam esses enunciados são estas:

1) Quando apenas o primeiro termo do composto for invariável, o substantivo ou o adjetivo que a ele se liga vai para o plural. O verbo, quando forma substantivo composto, perde o efeito flexional e, assim, fica invariável.

Repare que sempre é advérbio, vice é prefixo, guarda é verbo, abaixo é advérbio, todos termos invariáveis. Diferentemente, as palavras viva, presidente, roupa e assinado são variáveis (as três primeiras são substantivos, e a última, adjetivo).

2) Vão as duas palavras para o plural quando o composto é constituído de dois substantivos, ou de um substantivo e um adjetivo:

Destaque-se que, quando os dois termos são substantivos, também é possível a flexão apenas do primeiro: cartas-bilhete (ou cartas-bilhetes), salários-família (ou salários-famílias), bananas-prata (ou bananas-pratas), cidades-satélite (ou cidades-satélites). [1]

3) Não se flexionará nenhum dos elementos quando eles forem invariáveis ou quando o último já estiver no plural:

4) Por fim, apenas o primeiro termo vai para o plural quando os elementos se ligam por preposição: [2]

É isso (e muito mais)! Fico por aqui e, na próxima semana, continuamos a tratar de classes de palavras. Até lá!


[1] Algumas palavras dessa regra perderam o hífen depois do Acordo Ortográfico de 1990.

[2] Inexplicavelmente, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) traz apenas a opção navios-escola.