Uso da vírgula (parte 1)

Você bem sabe que um dos assuntos que mais importantes em Língua Portuguesa é pontuação. Dentro dele, o de maior recorrência é o uso da vírgula. Pensando nisso, este artigo e o próximo vão tratar sobre todas as possibilidades de uso da vírgula. Eles podem lhe ser úteis em provas objetivas e discursivas. Neste artigo vou abordar a vírgula no período simples, isto é, quando há apenas um verbo no enunciado.

Uso da vírgula

A vírgula é utilizada no período simples nas seguintes hipóteses:

  1. Para separar termos que exercem a mesma função sintática (sujeito composto, complementos, adjuntos ou predicativos), quando não estão unidos pelas conjunções e, nem e ou.

Meninos, meninas, homens, mulheres devem viver em harmonia.

Não levou roupas, objetos pessoais, dinheiro.

Considerava os homens frívolos, grosseiros, estúpidos.

Atenção!
1.   Caso as conjunções e, nem e ou estejam repetidas, é comum haver uso da vírgula, para efeito de ênfase: Nem João, nem Maria, nem Joaquim, nem ninguém conseguirá responder a esta questão.
2.   Quando se usa entre dois termos a partícula ou para indicar equivalência, podem-se usar as vírgulas: O homem ou a mulher fará isto; O homem, ou a mulher, fará isto.
3.   A vírgula pode anteceder a conjunção e em três hipóteses: a) quando o sujeito das orações for distinto, sendo obrigatório seu uso quando houver ambiguidade: A vocação da sociedade é a geração de bem-estar, e o Estado precisa corresponder a isso. Veja que, nesse exemplo, a inserção da vírgula é imprescindível para destacar que o Estado é sujeito de precisa, não complemento de geração ou, ainda, predicativo de é; b) quando a conjunção e está repetida (polissíndeto), sendo o uso da vírgula opcional: E eles riem, e eles dançam, e eles gritam, e eles brigam; c) quando a conjunção e tiver sentido de mas, isto é, se tiver valor adversativo (uso da vírgula obrigatório): Não pediu nada, e o governo lhe deu terras produtivas. Correu 20km, e não ficou cansado.
2. Para separar termos que exercem funções sintáticas diversas, principalmente nestes casos:
a) Aposto ou termo de explicação ou correção.

Aquela mulher, Filomena dos Santos, estava bastante abalada com a notícia.

Ganhou dois, aliás, três milhões de reais.

Nada ocorrerá, isto é, até agora nada ocorreu.

b) Vocativo.

Quantos absurdos, frade!

Ó pai, ajuda-me!

c) Elementos repetidos.

Nunca, nunca, volte a repetir isso.

d) Adjunto adverbial (é opcional se não for de grande extensão e se estiver na ordem direta).

Especificamente, trate dos temas solicitados.

O ministro leu seu voto, rapidamente.

Atenção!
É obrigatória a vírgula caso o adjunto adverbial seja de grande extensão e esteja deslocado (ordem indireta): Na manhã de ontem, pedi conselhos ao padre; O parlamentar, durante a entrevista, estava bastante irritado. Considera-se, em regra, grande extensão termo com mais de duas palavras.
e) Para separar, nas datas, o nome do lugar.

Dubai, 6 de fevereiro de 2020.

f) Para indicar a elipse de termo (geralmente o verbo).

No portão, flores e grandes árvores.

Ele sai agora; eu, em seguida.

Atenção!
É facultativo o uso da vírgula para marcar o complemento verbal topicalizado, quando aparece repetido por pronome oblíquo: A redação, eu a fiz ou A redação eu a fiz.
g) Para separar certas conjunções deslocadas.

Naquele momento, contudo, o fogo havia acabado.

Veio, pois, trazer tumulto ao evento.

h) Depois de assim, então, demais e outros advérbios e locuções adverbiais empregados no início de sentenças, com sentido de conjunção. Essa regra é enunciada por Napoleão Mendes de Almeida (2009, p. 579):

Afinal, iremos hoje?

Portanto, peço-lhe esses itens.

Atenção!
Há quatro informações sobre o uso do etc.: 1) Há estudiosos da língua que não concordam com a aposição da vírgula antes de etc. Segundo alegam, a abreviatura significa e outras coisas e, por isso, não poderia haver o sinal de pontuação antes do e. No entanto, há diversos autores que defendem o emprego da vírgula antes etc., pois afirmam que a expressão já não designa apenas coisas, o que comprova evolução semântica. Portanto, o importante é adotar uma forma e empregar a abreviatura de maneira padronizada. 2) Não se deve usar e antes do etc. 3) Já que é abreviatura, ela deve sempre ser seguida de ponto. 4) Caso etc. encerre período, o ponto-final não deve ser duplicado.

Na próxima semana, há continuação. Até lá!

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